Banda do mês: The Decemberists

Começando em 2001 na cidade de Portland, EUA, a primeira formação da banda The Decemberists reuniu os músicos Nate Query (baixo), Jenny Conlee (teclados, acordeon e outros), Chris Funk (vários instrumentos), Ezra Holbrook (ex-baterista) e Colin Meloy (vocais e violão/guitarra). Embora a cidade tenha sido a sua "base", todos os integrantes têm sua origem fora dela.

EP Five Songs

Por ser uma banda indie, a classificação do estilo deles se torna difícil, e varia conforme os álbuns. Inicialmente, a proposta era misturar o rock do R.E.M. com o folk britânico do final dos anos 60 e mais algumas influências trazidas por cada membro - Jenny, por exemplo, é fã de Jethro Tull, uma das mais conhecidas bandas de rock progressivo. Mas o que realmente sobressai nas composições de Meloy, independente da fase em que esteja a banda, é a sua proximidade com a literatura. As letras sempre carregam um sentido figurado ou uma narrativa, tornando várias das músicas do The Decemberists verdadeiros épicos.

Castaways and Cutouts

Já no primeiro ano de formação, foi lançado o primeiro EP independente, 5 Songs. Posteriormente, ele seria relançado com uma faixa extra pela Kill Rock Stars, assim como o primeiro álbum, Castaways and Cutouts, em 2002. As letras desse álbum trazem personagens enigmáticos e um tanto sofridos, como fantasmas, prostitutas, soldados e marinheiros. As histórias são contadas de forma suave e lírica ao som de violões ritmados e uma percussão entre o pop e o folk tradicional, contando com algumas passagens mais pesadas, como "Odalisque". A arte da capa, como a maior parte do futuro material visual da banda, foi feita pela ilustradora Carson Ellis, então namorada do vocalista (e atual esposa).
  
O próximo álbum, Her Majesty The Decemberists, lançado no ano seguinte, dá continuidade ao anterior com uma nova baterista, Rachel Blumberg. Dessa vez, temos um pobre limpador de chaminés, um artista sonhador (em "I Was Meant For The Stage") e um viajante, entre outros. Há uma pequena diferença na sonoridade, que passa a ter algumas características de rock clássico dos anos 60.

Em 2004, veio o EP The Tain, um conceitual baseado em uma lenda tradicional irlandesa. E, em 2005, veio o próximo álbum, Picaresque. Esse também é um álbum bastante variado em estilos, indo de baladas ao violão a marchas épicas e triunfantes. Faz parte desse álbum a faixa e single que rendeu o primeiro clipe da banda (distribuído na Internet via torrent), "16 Military Wives". A letra, intrincada e irônica, foi o que levou o The Decemberists a disputar o título de banda do mês, aqui no Distorção, conforme o tema "letras sem sentido". Ainda no mesmo ano, o vocalista lançou o primeiro de uma série de álbuns de covers: Colin Meloy Sings Morrissey, uma homenagem ao ex-vocalista do The Smiths, de quem Meloy é fã declarado.

The Crane Wife

No ano seguinte, uma série de mudanças aconteceria. Mais um baterista, o atual John Moen; uma gravadora maior e mais prestigiada, Capitol Records, pela qual já passaram Pink Floyd e Radiohead; e o álbum The Crane Wife, decisivo para o crescimento do sucesso da banda. O nome do álbum vem de mais uma antiga lenda, dessa vez do Japão. The Crane Wife alcançou a 35ª posição no ranking de álbuns da Billboard, e teve como singles as faixa "O Valencia!" e "The Perfect Crime #2", que tem uma levada funk. Outro destaque é "When The War Came", na qual as influências folk são deixadas de lado para dar lugar a um rock alternativo angustiante.

The Hazards of Love, de 2009, veio com uma proposta mais ambiciosa: um álbum seguindo uma narrativa baseada em canções tradicionais britânicas, no maior estilo "aventura e fantasia". A turnê que se seguiu foi a mais cansativa de todas, já que o álbum foi executado ao vivo na íntegra. O single da vez foi a faixa "The Rake's Song".

The King Is Dead

Já em 2011, algo próximo do contrário aconteceu. O último álbum de estúdio da banda, The King Is Dead, foi criado com todo o cuidado para que resultasse em um trabalho mais simples - menos linhas melódicas, menos músicas longas, sonoridade mais popular - mantendo a qualidade de sempre. As gravações foram feitas em uma fazenda, dentro de um celeiro adaptado onde eles contaram com a participação especial de uma de suas próprias influências, Peter Buck, guitarrista do R.E.M."Esse pode ter sido o mais difícil de fazer. É um verdadeiro desafio fazer música simples, e várias vezes tivemos que nos segurar e deixar um espaço (na música)", conta Collin Meloy, na página oficial do Decemberists no Facebook. O álbum contou com dois singles: a canção pop "This Is Why We Fight" e "Down By The Water".


O último álbum, lançado no início de 2012 (após a declaração de hiato por tempo indefinido) foi o ao vivo We All Raise Our Voices To The Air, gravado durante a turnê mundial Popes of Pendarvia. Outra notícia importante, ainda nesse ano, foi a contribuição da banda para a trilha sonora do filme Jogos Vorazes, com a marcha heróica "One Engine" - rock a toque de caixa, literalmente.

O sucesso de um grupo musical tão peculiar não poderia passar sem episódios bizarros. Afirmações já foram feitas pela mídia (incluindo a MTV) sobre The Decemberists ser uma banda de "pop hiper-letrado". O que ocorreu foi uma confusão geral, feita pelos jornalistas, dos termos em inglês "letrado"(literate), que se refere a todo aquele que sabe ler e escrever (!), e "literário"(literary), o termo certo. Meloy acha graça, em uma entrevista ao site Pitchfork: "Bem, eu gosto que as pessoas creiam que façamos pop letrado em oposição ao pop 'iletrado'. A terminologia é meio estranha, mas eu fico feliz por sermos descritos assim".

 A seguir, os videos de "Calamity Song", um estranho jogo hiper-realista, e "This Is Why We Fight", a música que tinha todos os motivos para entrar na trilha sonora de Jogos Vorazes no lugar de "One Engine".













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