Distorção Amplificada: Banda do mês: Arctic Monkeys

Alex Turner (vocais e guitarra), Matt Helders (bateria e vocais) e Jamie Cook (guitarra) cresceram em Sheffield, uma cidade pequena na Inglaterra, e se conheceram no colégio. Lá, formaram o Arctic Monkeys, junto com o baixista Andy Nicholson, em 2003. Eles começaram a carreira em uma banda de covers chamada Bang Bang, na época com outro vocalista, e gostavam de misturar gêneros musicais como funk e R&B ao indie dos Strokes e de outras bandas do cenário atual - cada um dos integrantes com contribuições diferentes.

O sucesso da banda é bastante curioso, porque esse não era o objetivo imediato dos integrantes. E mais: os fãs é que foram os responsáveis pela ampla divulgação boca-a-boca e até mesmo pela criação da primeira página, não oficial, no Myspace. Tudo o que a banda precisou fazer foi se preocupar em fazer músicas boas e ter a bondade de distribuir CDs demos gratuitos nos primeiros shows. A Internet (e talvez um pouco de sorte) fez o resto do trabalho, já que as demos foram parar na rede pelas mãos dos mesmos fãs.

Em 2004, foi lançada no site de Mark Bull, um fotógrafo amador com influência local, a primeira coletânea completa de demos do Arctic Monkeys, sob o nome Beneath The Boardwalk. A lista veio acompanhada de videos da banda se apresentando ao vivo. Mas o primeiro EP oficial foi Five Minutes With Arctic Monkeys, lançado em 2005, ainda como selo independente, com versões de CD "físico" e venda digital pela Apple Store. No início do ano seguinte, lançaram pela gravadora Domino o esperado primeiro álbum, Whatever People Say I Am, That's What I'm Not - "o que quer que as pessoas digam de mim, é isso que eu não sou" - e o single mais conhecido então era "I Bet You Look Good On The Dancefloor". O título do álbum dizia muito sobre a opinião dos integrantes sobre o "hype" construído pela imprensa em cima do seu sucesso.

Apesar do medo que a indústria fonográfica espalha sobre o possível fracasso da venda de discos, o compartilhamento gratuito via Internet ajudou o primeiro álbum do Arctic Monkeys a fechar a semana de estréia com 363.735 cópias vendidas (de acordo com o site do fã-clube brasileiro). Durante a turnê seguinte, o baixista Andy saiu da banda e, em seu lugar, entrou Nick O'Malley. Com a nova formação, lançaram o segundo EP, Who The Fuck Are Arctic Monkeys, ainda em 2006.

Desde o seu início, as qualidades mais marcantes das composições do Arctic Monkeys estão na presença obrigatória de riffs de guitarras e baixo - simples, dançantes, bem combinados e destacados entre si - e nas letras. Escritas quase sempre por Alex, elas falam sobre o quotidiano dos jovens na sua cidade natal e questões pessoais, de forma poética e irônica. Todas essas tendências continuaram no segundo álbum, Favourite Worst Nightmare, de 2007. Com ele, veio o single mundialmente estourado "Fluorescent Adolescent", o que contribuiu para que a banda viesse tocar na América Latina - mais especificamente, no Brasil, no final do mesmo ano.

Uma ruptura muito grande foi causada pelo terceiro CD, de 2009, entitulado Humbug: ruptura entre o "antes" e "depois", entre os que gostaram e os que torceram o nariz. A influência do vocalista do Queens Of The Stoneage, Josh Homme, não ficou só na coprodução do disco, como também vazou para todas as suas faixas. O resultado foi uma mistura do som das duas bandas. Até mesmo a voz de Alex ficou mais suave e mais "misteriosa" com a mudança de ares, e veio acompanhada de um instrumental inteiro mais lento e com um clima noturno. O principal single desse álbum foi "Crying Lightning", que deu continuidade ao sucesso da banda, sem fazer tanto barulho quanto antes.

Suck It And See, de 2011, é o álbum mais recente. A volta da animação e de climas mais leves foi anunciada pelo primeiro clipe lançado, "Brick By Brick". E, já em seu quarto álbum, o Arctic Monkeys participou como uma das atrações principais das últimas edições dos festivais Coacheela e Lollapalooza (no Chile e no Brasil. Esse último, com transmissão ao vivo pela Multishow). Após esse lançamento, também saiu mais um single, "R U Mine?", no início de 2012. Sobre os planos já declarados à imprensa para o próximo álbum, Matt disse à revista NME, no último dia 11:

"Para nós, parece óbvio fazer algo diferente quando gravamos um novo CD. Eu sei que algumas bandas podem continuar com um som parecido para sempre e ter uma carreira baseada nisso. Muitas fazem e dá certo. É só que eu não acho que gostaríamos, algum dia, de fazer isso. Não poderíamos gravar um álbum igual ao primeiro de novo, soaria meio falso."