Procurando por

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nightwish - Imaginaerum (2011): resenha






Antes de qualquer avaliação, é preciso dizer que o Nightwish continua superando expectativas. A banda conseguiu manter sua integridade de estilo musical sem deixar de inovar - e é o que Imaginaerum confirma. É notável o bom aproveitamento da (não mais novata) vocalista Anette Olzon, que chega a roubar a cena com interpretações tocantes e envolventes em seu segundo trabalho de estúdio com a banda finlandesa. Nem é preciso dizer que Marco Hietala continua se destacando, também, como vocalista.



No geral, o estilo das composições continua o mesmo tradicional do Nightwish: ritmo enérgico e constante, riffs pesados articulados com um acompanhamento de orquestra e coro e pausas "estratégicas" para arranjos de piano. A diferença, aqui, está na densidade das músicas. Dessa vez, todas as músicas contam com um número grande de linhas instrumentais e mais momentos apoteóticos de orquestração, com coros muito vibrantes. Isso é tanto um trunfo quanto um problema do álbum, já que momentos apoteóticos demais em sequência podem levar o ouvinte ao cansaço.

Esse álbum, em especial, é muito contrastante e articulado. Todas as músicas apresentam mudanças seguidas de atmosfera, indo dos temas mais brilhantes, com muitas caixinhas de música, guitarras acústicas e cordas clássicas suaves, até o extremo do terror e do sombrio, com distorções pesadas e a orquestra muito cheia, praticamente gritando. Para fazer uma metáfora, podemos dizer que é um álbum um tanto bipolar.

Mais do que nas outras composições de Tuomas, há influência da música folclórica europeia (possivelmente, da finlandesa também). Isso é claramente notado nas faixas “Taikatalvi”, “I Want My Tears Back”, “Turn Loose The Mermaids” e “Imaginaerum”. As flautas e a percussão típica dão um clima medieval e aventuresco ao álbum. Na faixa “Arabesque”, a vez é da música árabe, com percussão muito densa, grandiosa, e arranjos orquestrais rendidos à típica escala musical do oriente médio. A influência árabe lembra composições anteriores do Nightwish, como “Whoever Brings The Night” e “Sahara”, do Dark Passion Play, e “The Siren”, do Once.

 
Aqui vai a tracklist comentada, para mais detalhes:

1- Taikatalvi: o álbum começa com  ruídos de alguém dando corda a uma caixinha de música, que logo começa a tocar suas notas brilhantes e metálicas. A voz de Marco acompanha, suave, em finlandês, enquanto a música evolui, ganha corpo e se desdobra na faixa seguinte.

2- Storytime: inicia-se a atmosfera de terror que permeia as músicas do álbum. Destaque para o refrão poderoso e simples que, por si só, já justifica a escolha de Storytime como o primeiro single do álbum.

3- Ghost River: o terror ganha dimensões ilimitadas nessa faixa. Marco mostra todo o potencial assustador de seu gutural junto com as ameaçadoras sequências de acordes e notas bagunçadas – quase ruídos – da orquestra. Mas, na verdade, o que soa mais assustador é justamente o contraste: um coro de crianças cantando a mesma linha de Marco (“He will go down, he wil drown drown, deeper down”, ou traduzindo livremente: “Ele vai descer, ele vai se afogar, mais no fundo”) com suas vozinhas inocentes. Quase no final da música, a voz de Anette surge como um anjo e a música, de repente, se torna leve e celestial.

4- Slow, Love, Slow: essa faixa é um capítulo à parte na história do Nightwish. Trata-se simplesmente de um JAZZ suave e noturno com baixo acústico e piano. Para completar, cordas clássicas bem dissolvidas, só acompanhando, e algumas aparições de sopros de metal. Um solo de guitarra limpo e grave nos engana mais um pouco, até que, ao se aproximar do final, a música surpreende com a intromissão de um baixo pesado à la Nightwish, enquanto a orquestra acompanha a volta do metal tornando-se mais intensa, até que a música termine com um barulho solitário de metrônomo (aparelho utilizado por músicos para marcar a pulsação).

5- I Want My Tears Back: marca a volta do padrão enérgico do Nightwish e da influência folclórica europeia no álbum...

6- Scaretale: ...enquanto essa marca a volta do terror. Temos dois destaques nessa faixa. O principal é o vocal de Anette, extremamente bem interpretado para parecer demoníaco – apesar de tão agudo e aparentemente brincalhão. Quando se ouve da primeira vez, chega a dar medo. O outro destaque é para a quebra que ocorre na música quando entra uma parte circense, animada, mas igualmente sombria e irônica, como um “circo dos horrores”.

7- Arabesque: a imponente faixa árabe; um interlúdio escapista para o álbum.

8- Turn Loose The Mermaids: um verdadeiro descanso para os ouvidos. Nada de bateria barulhenta, só percussão folclórica, e isso lá para o meio da música.

9- Rest Calm: introdução lenta e pesada, com aceleração do ritmo logo depois. Apresenta um belo refrão, com melodia sentimental e quebra do peso da música com guitarras acústicas dedilhadas. O final dessa faixa pode ser exaustivo, pois repete o mesmo tema insistentemente, fazendo algumas variações com os instrumentos da orquestra.

10- The Crow, The Owl And The Dove: faixa de pouco destaque. Refrão com peso, mas dissipado rapidamente quando voltam os versos com arpejos limpos de guitarra.

11- Last Ride Of The Day: segunda faixa de pouco destaque. Apenas mantém o padrão de “I Want My Tears Back”.

12- Song Of Myself: grande parte dessa faixa é em compasso 7/8. Traduzindo: é muito comum se perder na contagem da música. A impressão é de que a música nunca vai sair de um eterno loop – e é isso que torna tudo mais interessante. Porém, da metade para a frente, tudo o que se pode ouvir são vozes com o instrumental ao fundo. Esses “monólogos” que aparecem estão relacionados diretamente ao filme de Imaginaerum. Caso você não entenda inglês muito bem ou não esteja com paciência para histórias, não é um crime pular para a próxima faixa a partir daqui.

13- Imaginaerum: o gran finale do álbum é em alto estilo. “Imaginaerum” é uma verdadeira síntese do próprio álbum, pois retoma, em um instrumental com orquestra e coro, os temas principais das faixas “Storytime”, “Ghost River”, “Scaretale”, “Rest Calm” e “Last Ride Of The Day”, necessariamente nessa ordem. Também são acrescentadas algumas partes originais, tanto para conectar todos os temas – bastante diferentes entre si – quanto para dar uma conclusão serena à história que as músicas de Imaginaerum ajudaram a contar.



 




2 comentários:

  1. Injustiça esse excelente post não ter nenhum comentário até agora.
    Beatriz, parabéns, despertou em mim a vontade de escutar o CD!

    ResponderExcluir
  2. Eu o ouço bastaste... eh como uma viagem de montanha russa com momentos de euforia e terror. Um album pra se ouvir muuuitas vezes

    ResponderExcluir