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sábado, 10 de setembro de 2011

Dica de banda: Martin e Eduardo



O nome é de dupla sertaneja, mas a sonoridade é inconfundivelmente Rock - e esse é brasileiro. Esses caras trabalham com a cantora Pitty e resolveram fazer um projeto paralelo próprio. O primeiro álbum, lançado em 2010, se chama "Dezenove Vezes Amor" e, apesar do nome não ter nenhum motivo especial por trás (de acordo com Martin, nessa entrevista aqui), esse é um álbum especial, principalmente por sua simplicidade e falta de pretensões. Vale lembrar que é Rock com letra em português, coisa que não é qualquer músico maduro, fora do "mainstreamzão" atual, que tem peito pra fazer. Mas que vem crescendo como uma tendência interessante entre as bandas brasileiras.



Com Martin na guitarra e Eduardo na batera, a banda faz um som bastante simples, sem nenhuma virtuose ou melodias muito trabalhadas ou diferentes, com vocais bastante equilibrados - nem dramáticos, nem inexpressivos. Aliás, a palavra "simples" deve ser repetida na descrição de cada riff, solo ou letra desse álbum, sem exceção. Simplesmente funciona bem. As músicas tendem à repetição de alguns poucos temas, o que pode levar ao cansaço aqueles que exigem uma música com pelo menos 6 acordes diferentes. Mas, para os que curtem Rock básico e clássico - uma guitarra-base, quatro acordes - e para aqueles que dão mais importância ao feeling numa música (por exemplo, por não entender nada de técnica), esse primeiro álbum é altamente recomendado. E, se você gosta de um som especialmente reflexivo (por vezes lento), beirando a melancolia e com alguma ironia nas letras... não tenha dúvidas: esse álbum é pra você.


Faixa por faixa



Dezenove Vezes Amor: enérgica e principal música de trabalho - a do clipe na MTV, que talvez você conheça. Abre o álbum com uma certa ironia ao dizer "não sei, não disse, foi embora/ apague a luz e um beijo, meu amor". Tem momentos reflexivos (o bridge e o solo), mesmo sem sair do andamento rápido, e o refrão tem clímax e funciona bem.

Lírio: tem efeitos eletrônicos aqui e ali e uma melodia que lembra tontura ou embriaguez, no refrão, o que contribui pra essa sensação "experimental" da música. A letra parece, de novo, bastante irônica ao dizer "tá tudo bem".

Passa Em Volta: e aqui temos uma das poucas faixas positivas, "pra cima", desse álbum - não que isso seja ruim. O refrão é bastante contemplativo: "o mundo passa em volta/ cores, cheiros, sons e uma canção", só pra começar. Temos também, aqui, dois solos (em momentos diferentes) bem interessantes.

Só: faixa bastante pop. O ritmo e a sequência de acordes lembram muito o Classic Rock, aquele lá do início, dos anos 50/60. Com direito a mais uma "suspensão reflexiva" no meio da música.

Daqui pra frente: outra lembrança do Classic Rock: um bem-vindo acompanhamento de órgão durante os refrões. Essa faixa é um pouco mais animada do que a média do álbum. Também apresenta alguns efeitos - nesse caso, destaque para um de phaser, que fecha a música.

Muitas: o ritmo lembra um Folk Rock "do interiorzão", alegrinho. Sem distorção (guitarras com efeito chorus), riffs simples no lugar do que seria o "solo".

Seu bem: provavelmente, a faixa mais pesada do álbum. Com clima escuro e letra igualmente "pra baixo", ela atinge o ápice ao final quando um riff se repete ao mesmo tempo em que outra guitarra sola ao fundo - confusão, com uma dose de angústia.

Strange Days: essa não é pesada, mas é bastante amarga - a letra sugere um fim de relacionamento. Os riffs ajudam a criar o drama por serem bem marcantes, e a música fecha com um solo grave e distorcido.

Me perdi: "ela não vai voltar/ disse que assim fica leve". Faixa lenta, delicada e desiludida. Fecha o álbum com ritmo de valsa e mais alguns efeitos diferentes, além de ter um bom solo no meio.

Agora, só resta aguardar o próximo álbum. Aliás, de acordo com aquela entrevista, já era pra ter saído... esperemos, esperemos.



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